sexta-feira, 20 de junho de 2008

afagos e salsichas: um buraco

plá-plá-plá-plá, stiléquete, stiléquete, stiléquete, xapluift, xapluift, xapluift. izrblirlãg-lóflit.
atordoado entre rastejantes e asquerosas onomatopéias ininteligíveis, nosso sujeito, ainda um quase protagonista que dispensa apresentação, ditames e ditados, escapa de mais uma e sobrevive. uma pá. um quintal , um aterro. não pode esquecer do canudinho, claro. como um snork, não a onomatopéia. snork de mergulho. cava, cava, cava. rrrfucutachk fazia cavando e batendo a pá entre as lajotas da beira. sete palmos. hmmmm... mau presságio. cava mais então. rarruf, puf, rarruf, puf, a terra macia caía mais macia em cima da terra já cavada. oito palmos, dez! palmas. e agora, quem vai limpar essa sujeira? hein, capitão, quem vai limpar essa sujeira? o sujeito, agora capitão, necessariamente precisa de um auxiliar.
cachorros são bom auxiliares, obedientes e bonitinhos quando bebês. cachorros sabem enterrar. igual o do filme. enterrar, rebater e salvar o dia. meu tipo de cão. vai lá garotão. au-au, salsichas, e bem, vocês sabem como é fácil fazer o dia de um cão. salsichas e afagos. rabo pra lá, rabo pra cá, rabo pra lá, rabo pra cá. rabo para lá e para cá continuadamente.
o sujeito-capitão-adestrador-de-cachorros, agora enterrado erige (e herege, sempre) seu canudo de contato com o ar. oxigênio. vuuuu, vuuuuu. respiração parcial. cachorros parceiros. espaço sideral. aterro. quintal. buraco fundo. preguiça. sono. noite-dia, dia-noite. escuro. canudo. oxigênio. já passou um bom tempo. tempo suficiente. já passou. cachorro vivo. salsicha. au-au. cachorro cava. cava bem demais. desenterra o capitão! e agora, na inconfundível e contagiante excitação canina, vamos lá garotão, pule, e mexa seu rabinho, e sente, e pule, e finja-se de morto como eu fingi. viu? quem vai ganhar salsichas? quem vai ganhar salsichas? quem vai ganhar salsichas?
eu vou, eu vou.
snork imundo. roupa suja de terra. ninguém vai limpar essa bagunça. totó. totó do capitão. quer mais salsicha? pega, morde e arrasta um tapetão, bem grande, bem persa, bem preso. traz pra cá. muita sujeira debaixo. terra minhoca e um buraco. põe lá e ninguém viu.
qrrrr, qrrrr. esse tapete vai levar horas até chegar aqui. encomenda. faz um. trança. tear, essas coisas. vovó!
- alô, poderia falar com a minha vó? Dona Vovó é o nome dela. enrugado. não lembro, Senhor, já faz uns anos em que ela se foi. sei. era branco e ralinho. sorriso fácil e cansado. isso. não? por que não? quem é o seu superior? deixa eu falar com Ele. alô, Deus? oi. oi Deus, te amo. só isso. esquece minha vó, te amo Deus. amém.
Deus é extremamente persuasivo, extremamente. não é à toa que tem sucursal em todo planeta.
bom totó, esquece o tapete, esquece o buraco, esquece a vovó, o tear e aquele verão de pogobol, frescobol, anzol, bolinha coloridas e apressadas, mar, chuá, sereias e uma aposentadoria fictícia. esquece o chinelo. agora frieiras, botas e o meu título de capitão. por favor, não esqueça do meu título de capitão. titio vai voltar pro buraco.
cava, cava, cava, sploft, skléqueti, tipluf. roinc, pum, bléin.
ok. salsicha. pode enterrar. afago.
snork, oxigênio rarefeito e justo.
hmmm, já poss sentir o cheiro de silêncio.

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