domingo, 30 de março de 2008

pescoço, destino e capitalismo

uma vez fui num samba e vi uma garota linda. alta, esguia, tinha um pescoço... flertei à moda antiga (no fundo sou um rapaz caipira, tímido e resignado). ela olhou de volta e foi apenas isso. rezei três aves marias e dois pais nosso pra encontrar com ela no samba de novo. não encontrei. em compensação, um tempo depois a vi numa outra balada. foi mais ou menos a mesma coisa de antes. mais foi ficando emocionante, pra tipos como eu, que gostam dessas coisas meio platônicas meio muzzarela. eis que minhas preces são mais que ouvidas e eu topo com a dita cuja no mesmo espaço acadêmico. mas então, comos os ventos que fazm curvas em lugares distantes, fui me envolvendo por outros jardins, colhendo outras flores que esse mundo brota pra perfumar nossa vida, e fui deixando minha musa de flerte de lado. até que, depois de meses e um honesto tempo suficiente pra se esquecer o que pode ser esquecido, eu topo com ela, sua beleza e seu pescoço, novamente, numa baladinha de possíveis amigos em comum.
sabe, eu comecei a achar que era coisa do Destino, essa coisa da gente se encontrar, como se tivesse, no fundo, uma finalidade romântica pra essas casualidades.
mas daí, eu pensei, juntei as peças do nosso histórico de topadas sociais e reparei que, na verdade, isso não é coisa do Destino, é a renda que é mal distribuída.
o capitalismo e a sociedade de classes acaba com o romantismo das coisas.

Um comentário:

Bruno Sanchez disse...

Tenho um vizinho que chama Sr. Destino. Sim, ele mora em frente à Dona Morte do ap.619.

Estranho, né? Coisas do destino...

Bom texto garoto.