sexta-feira, 4 de julho de 2008

sinusite

a sinusite reveste a cabeça com um capacete repleto de punchs e jebs precisos. pensar dói. espirrar dá barato, sempre deu. de kombis em movimento e roupas coloridas à mão. espirro e flutuo. levito, assuo, espirro. espaço. esparramo pelo chão. limpo. ao meu redor o silêncio estrondoroso me convida a morrer. morrer de mentira, só um pouquinho, nada muito sério. morre depois levanta. acorda, bem disposto e intencionado. sinusite. voz nasalada, narinas entupidas e cabeça congestionada. congestionadíssima. buzinas mil. o gongo não toca, e quando dá a sinapse sai faísca e é um deus-nos-acuda. o santo dos enfermos não trabalha com tarja preta e vou continuar na água mineral. paulattinamente. suo pra afastar a doença. assuo em vão. a sinusite ronda, espreita, espera, e despacha num resfriado desavisado, de uma friagem descuidada, de um sereno manso e contundente. penso bem devagar agora. enfrento o moinho-nosso-de-cada-dia. olho por olho e toda a legislação de Talião por tabela. agora beijo só as bordas com receio que ela vá me engolir, mais cedo ou mais tarde. tenho tempo de só pensar coisas boas. futebol, jujuba, polenta da mamãe pudim de amor feromônio de Praga toda tentação e toténs coloridos e interativos e júpiter escarlate mitos e heróis irriquietos aos passos largos e marcantes de todas as estruturas que talvez apenas de vez em quando e a graça de ver tudo mais saturado, mais technocolor e a perspectiva de cima faz cócegas e dá um alívio se pensar que ainda me arrasto daqui de baixo e a vontade de rir e a dor na barriga e é de lá que eu vou voltar. febres lisérgicas e seus bibelôs e adornos em módulos e pêndulos. penduricário e papagaios. um parafuso distante. jamais a menos.

Um comentário:

Bruno Sanchez disse...

Se espirrar, saúde!

Abraço,
Sanchez.